Muito além do prazo e do orçamento

Antigamente, um projeto era considerado bem sucedido quando cumpria seus limites de orçamento e prazo. Hoje, só há sucesso se também agregar valor ao negócio

O conceito de gestão de projeto evoluiu consideravelmente nos últimos 50 anos, extrapolando a esfera das iniciativas cotidianas das empresas para lidar hoje com objetivos muito mais complexos, que envolvem decisões estratégicas cruciais para a sobrevivência da empresa. Harold Kerzner, que é considerado uma das principais autoridades no assunto, esteve presente na abertura do Fórum HSM Estratégia 2012 para falar sobre o tema.

Sem esconder que alguns executivos ainda desconfiam da eficácia da gestão de projetos, Kerzner explicou que atualmente já existem soluções para os problemas que costumavam incomodar a alta direção das empresas. “Antigamente, o gestor de projeto tomava apenas decisões técnicas e não contava com o apoio dos executivos e do pessoal de vendas. Hoje, esse profissional tem outro perfil e deve estar habilitado a tomar decisões comerciais e estratégicas”, destacou.

A evolução, segundo Kerzner, aconteceu porque o mercado mudou como um todo, assim como as suas exigências e expectativas: “A definição de sucesso era se conseguiríamos cumprir um projeto dentro do orçamento e do prazo. O que esperamos hoje é que esse projeto também agregue valor ao negócio”.

Esse novo modelo apresenta como benefícios o aumento de eficiência, a lucratividade, a maior agilidade nas mudanças no escopo de um projeto, maior estabilidade organizacional, proximidade com os clientes, incremento da qualidade, melhor controle sobre os riscos e maior eficácia na resolução de problemas.

Defensor árduo do uso de métricas, Kerzner mostrou algumas ferramentas que costuma usar para avaliar a saúde do projeto. “Se algo não pode ser medido, não pode ser gerenciado”, disse ele, apresentando alguns de seus indicadores mais importantes: tempo, custo, recursos, escopo, qualidade e ações.

Mais eficiência

Kerzner apontou que os recursos atuais da gestão de projetos na avaliação de riscos garantem mais eficiência na escolha das ideias que serão adotadas pela organização. “Estima-se que antigamente as empresas costumavam obter um sucesso comercial a cada 60 ideias implementadas, aproximadamente. Atualmente, cada sucesso comercial surge entre 20 e 25 tentativas, em média”, revelou.

O palestrante chamou a atenção para o fato de que a maioria das aquisições de empresas não leva ao cumprimento das metas traçadas. Segundo ele, a disparidade entre as metodologias de gestão de projeto é uma das principais responsáveis por esse resultado, uma vez que muitas empresas levam anos para unificar suas metodologias.

As empresas têm o hábito de insistir em projetos destinados ao fracasso sem corrigir seus erros, de acordo com Kerzner. Como resultado, há um enorme desgaste emocional entre os funcionários, que são submetidos a grande pressão e excessivas horas-extras de trabalho. “Empresas tendem a repetir seus erros numa espiral da morte para seus projetos. Mas esse processo normalmente pode ser revertido porque hoje existem profissionais que se especializaram em recuperação de projetos”, alertou.

Antes de concluir sua apresentação, Kerzner voltou a defender a eficiência da gestão de projetos moderna: “É preciso deixar claro que a gestão de projetos não representa garantia para o sucesso nas iniciativas das empresas, embora certamente aumente muito a chance de que isso aconteça”.

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