Praticamente tudo que existe na economia e sociedade está obsoleto e precisa ser recriado. Isso inclui setor automobilístico com seus veículos movidos à explosão e fumaça, uso de combustíveis fósseis, sistema educacional que opera com mentalidade do século 19 (escrevi sobre isso aqui, aqui e aqui!), sistema de saúde que é remunerado por doença e não por saúde (também escrevi sobre isso aqui,aqui e aqui!), escravidão assalariada nas relações de trabalho, uso do planeta como uma commodity a serviço da humanidade, mentalidade de crescimento infinito do PIB em um planeta finito (escrevi sobre isso aqui), conversão de recursos naturais em lixo, lucro e riqueza como principal objetivo e sentido da vida… vou parar por aqui porque a lista é grande.

Vivemos tempos de mudança exponencial, mas uma deficiência da raça humana é a sua incapacidade de compreender a função exponencial: há uma tendência de se superestimar o curto prazo e subestimar o longo prazo. E isso traz implicações imediatas.

Se no século 20 o foco era promover melhoria contínua e eficiência, agora, no século 21, é promover mudanças de paradigma e dar saltos. O foco deixa de ser mudança cíclica para se tornar transformação progressiva. As organizações precisarão escolher entre ser disruptoras ou parte da disrupção. O que não podem, porém, é ficar em estado de negação.

É preciso trabalhar com estratégias “base zero” repensando tudo e rompendo com paradigmas do passado. Amanhã não será apenas diferente de hoje, será muito diferente. E cada vez mais rapidamente diferente.

As velhas regras deixaram de fazer sentido e um novo modelo de civilização está tomando forma, o conflito de gerações está sendo substituído pelo conflito de civilizações – a antiga resistindo em manter o status quo, a nova florescendo e ocupando cada vez mais espaço. As crises de hoje são sintomas desse megaprocesso de mudança, de fim de um modelo e nascimento de um novo.

Os tsunamis estão vindo: Internet das Coisas, capitalismo consciente, inteligência artificial, computação cognitiva, customização em massa, energia renovável, economia do compartilhamento…

Se no século 20 o objetivo era construir, no século 21 passa a ser conectar (pessoas) e reconectar (ao propósito e à natureza).

Para os negócios, já não faz mais sentido ter tantos ativos, mas acesso a eles por meio de arrendamento e compartilhamento. Quanto mais ativos a organização possui, mais os ativos possuem a organização e mais presa a velhos paradigmas estará. É preciso estar leve e flexível para avançar, promover mudanças e prosperar no novo ambiente. Também para os indivíduos não faz mais sentido possuir.

A economia do compartilhamento e o capitalismo social permitem a substituição da posse pelo uso. O acesso triunfa sobre a propriedade. O rótulo “consumidor” é substituído por “prossumidor” (ou “consumi-ator”) que não mais necessita de intermediários e aproxima a produção do consumo. Inclui desde a autogeração de energia elétrica (net zero houses habilitando a criação de uma Energy Internet) até manufatura em microescala com impressoras 3D.

Em tempos de mudança exponencial as transformações que ocorrem no próximo período são superiores às transformações que ocorreram no período precedente.O aumento na taxa de inovação tecnológica, e por vezes social e cultural, pode impulsionar mudanças mais rápidas e profundas a cada novo período.

Se a maior parte das pessoas atualmente vivas presenciou a virada do milênio, muitas irão presenciar a virada da civilização. Você está preparado para isso? As pessoas em geral não se dão conta de que vivemos uma mudança de era, não uma era de mudança. Só irão perceber a magnitude do deslocamento mais adiante pela dificuldade de compreender o que está acontecendo enquanto vivem o processo.

Os que lideram a construção da nova civilização estão rompendo com paradigmas e se libertando de modelos pré-estabelecidos, instituições, multinacionais e governos. A regra agora é quanto maior, menor a capacidade de adaptação e sobrevivência – uma nova era de extinção de dinossauros está em curso. Quando se está preso ao passado não se entende como os outros podem avançar tão rápido para o futuro.

A transformação é disruptiva. Velhos negócios irão desaparecer, novos negócios irão florescer. Isso também vale para profissões. Depende de nós escolher fazer parte do novo que se abre ou do passado que se fecha.

Bem-vindo à nova civilização!