O crepúsculo de talentos

por Daniel Domeneghetti, em http://www.hsm.com.br/blog/2011/10/o-crepusculo-de-talentos/

O mercado arde. A cada dia, a competição aumenta nos diversos setores. E os concorrentes tradicionais nem sempre são os maiores inimigos. Legislações, pressões dos consumidores, vigilância da mídia, inovações e rupturas quase colocam os concorrentes históricos de um setor do mesmo lado da mesa, unidos e isolados neste mar de ameaças.

Como lidar com isso? Mais e melhores talentos são a base da resposta. O capital humano certamente é o ativo mais relevante para o sucesso corporativo, apesar de ser o intangível mais controverso e mais disputado.

Como construir empresas de sucesso, competitivas e perenes, sem talentos? Como tornar uma empresa cidadã, sócio-responsável, sem pessoas? Impossível.

Talentos são necessários, sua matéria-prima mais importante. Pessoas são um recurso escasso, principalmente quando se trata de talentos de média-gerência para cima e de algumas expertises mais técnicas ou especializadas. E todos sabemos o que acontece com os preços quando a matéria-prima mais importante se torna rara e disputada.

Os altos custos do cérebro-de-obra, somados ao perfil empreendedor, individualista e pouco propenso ao conceito de fidelidade corporativa da chamada Geração Y, só fazem piorar esta realidade.

O EU S.A., esse Colaborador 2.0, está com tudo, mais caro do que nunca, impondo e exigindo condições. O poder de barganha parece estar mudando de lado e as pesquisas mais recentes apontam que isso só deve se intensificar nos próximos anos. Esta preconizada ausência de talentos pode ser uma enorme barreira – a principal talvez – para o desenvolvimento das corporações nos próximos anos.

A solução para essa questão passa por ações internas, como identificar, valorizar e reter os talentos disponíveis, construir modelos de gestão e sucessão atrativos, desenvolver modelos de compensação interessantes, capacitar continuamente as pessoas etc.

Passa também por ações setoriais (micro), como desenvolver redes de formação e captação de talentos com universidades, associações setoriais e concorrentes, dentre outros.

E passa ainda por ações macro, como participar dos processos nacionais de investimentos em educação, desafio mais agudo dos governos, principalmente nos países emergentes, como o Brasil.

Sem dúvida todos reconhecemos que os talentos são um ativo de valor inquestionável. Perder talentos é perder competitividade (fora os riscos de migração destes talentos para a concorrência e, com eles, tudo que sabem sobre as estratégias e operações da empresa).

Talentos são ativos e, como tal, devem ter seu valor devidamente mensurado. Mais do que construir o valor das empresas, os talentos são parte do valor das empresas, como os demais intangíveis. Perder bons talentos é perder valor da empresa.