Como a gestão pública será impactada pela inteligência artificial?

Problemas e oportunidades em gestão pública que podem ser atacados com inteligência artificial.

Inteligência artificial

original em medium.com

“Artificial Intelligence is like teenage sex: everyone talks about it, nobody really knows how to do it, everyone thinks everyone else is doing it, so everyone claims they are doing it.” (encontrado no Hacker News, plataforma de notícias da Y Combinator)

Em primeiro lugar, um pouco de definição usando bases acadêmicas clássicas: inteligência artificial se trata do desenvolvimento de “agentes inteligentes”, que podem ser definidos por dispositivos capazes de perceber seu ambiente e agir em relação ao ambiente maximizando as chances de sucesso. Essa definição, que está presente no primeiro importante estudo desse post (pesquisadores de Berkeley, MIT e Oxford discutindo o impacto dos avanços em IA, baixe aqui), traz alguns pontos importantes:

(i) Perceber seu ambiente: aqui entram as capacidades relacionadas à captura de dados, envolvendo visão computacional, captura de áudio e absorção de grandes volumes de texto sem perda informação. Além dos elementos de captura, o processamento dessas informações é chave — e os avanços em processamento natural de linguagem (compreensão da diversidade de fonemas, variações gramaticais etc) e representação de conhecimento (que tenta organizar as informações da maneira como humanos raciocinam, envolvendo lógica e arquitetura de informações) tem estruturado bem os grandes saltos da inteligência artificial.

(ii) Agir maximizando a taxa de sucesso: aqui entram as capacidades de decisão desses agentes, envolvendo sua capacidade de gerar soluções ótimas (muitas vezes testando e melhorando em grande velocidade). Os pontos principais desse processo se relacionam ao termo machine learning, que são essas diversas estratégias para maximizar o aprendizado das máquinas para melhores decisões. Um bom exemplo são os algoritmos genéticos, que utilizam processos análogos à seleção natural para definir quais as melhores arquiteturas de decisão para otimizar um determinado objetivo.

Não nos estendendo mais: e como tudo isso vai impactar a gestão pública? Essa será a discussão do nosso texto, pois sabemos que muitos empreendedores de base tecnológica estão criando suas startups nessa área — e é sempre bom discutir algumas fronteiras do conhecimento, que no fim do dia é a nossa missão na Wylinka. :)

Photo by NASA on Unsplash

Horizonte interessante #1: aplicações em serviços públicos

O primeiro horizonte está contido em um estudo da Harvard Kennedy School, a escola de administração/política pública de Harvard, publicado recentemente. A autora destaca alguns problemas e oportunidades em gestão pública que podem ser atacados com inteligência artificial, sendo:

  • Alocação de recursos: alta demanda operacional para resolver procedimentos; pouca responsividade da gestão pública por falta de pessoal alocado.
  • Grandes bases de dados: dados grandes demais para serem processados manualmente; oportunidades na riqueza de dados internos e externos que podem vir a ser combinados; dados estruturados em longas janelas temporais.
  • Alívio na carga de especialistas: questões básicas podem ser respondidas automaticamente, liberando tempo de especialistas; perguntas com grande especificidade podem passar a ser agrupadas para auxiliar especialistas em trabalhos com casos específicos.
  • Previsão de cenários: prever situações com base em dados históricos; predição para melhor alocação em demandas com grande sensibilidade no tempo de resposta.
  • Processual: tarefas de natureza repetitiva; procedimentos de entrada e saída com características binárias (que ocupam grande parte da gestão pública, como carimbos e aprovações simples).
  • Diversidade de dados: capturar e envolver dados envolvendo áudio e imagens no suporte à decisão; frequência de resumo e geração de relatórios baseados em dados quantitativos e qualitativos.

O estudo traz números interessantes: a economia de recursos que poderia ser gerada alcança a casa dos bilhões de dólares para os governos em horas trabalhadas, além da minimização de erros humanos, melhoria na qualidade do trabalho e criação de ambientes mais modernizados. Alguns exemplos reforçam os números, tais como: na Carolina do Norte, 90% dos chamados nas linhas de atendimento do Governo eram suporte básico, que passou a ser respondido por chatbots. No México, algoritmos têm sido utilizados para cuidar da priorização de petições, garantindo celeridade a processos importantes. São muitos os exemplos e discussões, portanto recomendamos a leitura do estudo completo, é só baixar clicando aqui.

Horizonte interessante #2: democracia direta

E se não precisássemos mais de governantes para nos representar? Um dos motivos pelos quais temos hoje uma democracia representativa é a dificuldade de organizar as demandas de toda uma população para processos decisórios, mas será que essa premissa ainda se sustenta?

Esse é o desafio de um grande brasileiro que tem feito pesquisas em seu PhD no MIT sobre experimentos de democracia direta. Seus trabalhos envolvem estruturas de participação com algoritmos complexos de aleatoriedade que permitem que a população possa se engajar e influenciar os processos decisórios sem que seja necessário um intermediário representante do povo (que geralmente é a causa estrutural da corrupção). Além de permitir, por meio da aleatoriedade, uma estrutura mais heterogênea e bem construída de decisão, o modelo faz com que as pessoas tenham que se engajar no debate e no estudo de propostas diversas para serem partícipes da gestão pública. Um exemplo de implementação foi na Assembleia Cidadã de São Paulo, que pode ser considerada um avanço no mecanismo de plebiscito, mas com o uso de algoritmos garantindo maior riqueza no processo decisório.

Concluindo,

há muito a se discutir sobre o impacto da inteligência artificial na gestão pública. Além dos horizontes de eficiência, é preciso refletir também nos horizontes sociais — como o impacto na geração de empregos e até mesmo na mobilidade urbana, como discute esse interessante texto do MIT; bem como utilização de visão computacional e mapas digitais para atenção a epidemias e estudos sobre desigualdade (como esse trazido pelo professor Glauco Arbix, da USP ou esse trabalho do pessoal da Carnegie Mellon). O propósito do post era trazer algumas fronteiras de inovação na esfera pública e os estudos recentes em torno dessa discussão. Esperamos que tenham gostado! Se quiser conferir os trabalhos da Wylinka com empreendedorismo e inovação tecnológica, é só clicar aqui.

 

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