Prontidão estratégica (1): o que é?

por Murilo Pinto, em www.cnj.jus.br/estrategia

Como medir o valor de ativos intangíveis? Abrimos hoje uma série de artigos baseados no trabalho de Kaplan e Norton que aborda esse tema, focando na relação entre as perspectivas de aprendizado e procedimentos internos. No primeiro, fala-se sobre o conceito de prontidão estratégica e alinhamento.

A dificuldade de se medir o capital intelectual e outros ativos intangíveis é que seu valor varia. Diferente de ativos financeiros ou físicos, que podem ser facilmente trocados no mercado, os intangíveis não possuem valor intrínseco: eles dependem de outros ativos, tangíveis ou intangíveis, para gerar valor. Confira o que dizem os autores:

“Investimentos em TI, por exemplo, têm pouco valor se não forem complementados com o treinamento de pessoal e programas de incentivo. Inversamente, muitos programas de treinamento pouco valem se não forem suplementados por ferramentas tecnológicas. Investimentos em RH e TI devem ser integrados e alinhados à estratégia para que a organização extraia deles todo o seu potencial.

Quando uma empresa separa funções como RH e TI na organização, acaba gerando silos rivais, cada qual com sua especialização técnica. Enquanto o RH pede mais treinamento de pessoal, o de TI faz lobby pela compra de hardware e software novos”.

Alinhamento

A prontidão estratégica desses ativos — e, portanto, seu valor para a organização — é determinada por seu grau de contribuição para o desempenho dos processos internos críticos”

Além disso, os ativos intangíveis não afetam diretamente o desempenho. Seu impacto é indireto, após percorrer cadeias complexas de causa e efeito. Em uma empresa, o treinamento em qualidade total, por exemplo, levaria a uma maior qualidade dos processos, que gerariam maior satisfação dos clientes e, ao fim da cadeia, mais lucros.

Em outras palavras: os ativos intangíveis humanos, informacionais e organizacionais extraem seu valor mais imediato em função dos processos internos que viabilizam.

“Uma organização não pode atribuir, no vácuo, um valor financeiro de significado a um bem intagível como uma ‘força de trabalho motivada e preparada’, pois só se pode derivar valor no contexto da estratégia adotada. O que a empresa pode medir é se seu pessoal está bem treinado e motivado para buscar uma determinada meta” afirmam Kaplan e Norton.

Na explicação dos autores, a mensuração dos ativos intangíveis envolve, portanto, a medição do grau de alinhamento desses ativos à estratégia. A isso eles chamam de:

Prontidão estratégica

Apoiados no conceito de mapa estratégico — que traduz com clareza como a proposta de valor da instituição é composta por suas diversas atividades — Kaplan e Norton demonstram como os ativos intangíveis na base do mapa típico determinam o desempenho dos procedimentos internos críticos, que permitem a criação e concretização do valor proposto:

“Uma vez estabelecido esse vínculo, fica fácil recuar passo a passo pelo mapa para conferir de que forma exatamente o ativo intangível se relaciona com a estratégia e o desempenho da empresa. Isso, por sua vez, permite alinhar tais ativos à estratégia e medir sua contribuição para ela.

A prontidão estratégica desses ativos — e, portanto, seu valor para a organização — é determinada por seu grau de contribuição para o desempenho dos processos internos críticos”

Para explicar o conceito, os autores o comparam ao de liquidez financeira. Na contabilidade, os ativos são classificados conforme sua facilidade em serem transformados em dinheiro. Uma conta a receber é mais líquida que uma máquina (que precisa ser vendida para tornar-se dinheiro). Com a prontidão estratégica, esclarecem, é a mesma coisa: quanto maior a prontidão estratégica de um ativo intangível, mais rapidamente ele pode gerar valor à instituição.

Em artigos próximos, voltaremos ao tema para tratar da prontidão em três categorias: capital humano, capital informacional e capital organizacional.

Referência

KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Medindo a prontidão estratégica de ativos intangíveis.Harvard Business Review Brasil. Fevereiro. 2004.

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